(
Observação da autora no dia 07/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Dupla Fatal". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).
Capítulo 5
Narrado por Bruno Soares
No dia seguinte, na hora prevista, estava eu a entrar no ginásio. Vi-a a andar na bicicleta.
– Até para ir ao ginásio vais assim vestida? – Perguntei eu, aproximando-me.
Ela saiu de cima da bicicleta.
– Olá. – Sorriu com ironia – O que queres falar comigo?
– Bem directa.
Ela respirou fundo enquanto revirava os olhos.
– És tão irritante!
– Pois. É o que todos dizem! – Disse eu, a sorrir.
– Porque será? – Perguntou ela, irónica.
– Ok, eu vou falar. Eu estou sem trabalho ultimamente e sem serviços, o que achas de eu trabalhar contigo?
Ouvi ela rir.
– Nem pensar! Tu não entendes o meu trabalho. Só sabes julgar.
– É por isso que eu quero trabalhar contigo. Quero conhecer-te.
Ela olhou para mim, desconfiada.
– Hum... está bem, mas tens que ganhar-me aqui no ringue. – Propôs ela.
Eu tive de aceitar, é claro, e, com algum esforço, consegui ganhar. Sorri vitorioso.
– Palavra é palavra. – Ela respirou fundo – Bem-vindo aos GBVR, Bruno Soares. – Disse ela, estendendo-me a mão.
Eu apertei-lhe a mão e agradeci-lhe.
– Acho que deves ir trocar de roupa. – Disse eu, a olhar para ela de cima a baixo.
– Seu pervertido! – Disse-me ela, dando-me um murro de leve no braço – Venho já.
Ela saiu por breves minutos. Apareceu de novo com um fato de treino considerado normal para os olhos masculinos. Enfim... era mais aconselhável.
– Vamos? – Perguntou-me ela, já com o seu saco de ginástica no braço.
– Claro.
Encaminhámo-nos para dentro do meu carro. Ela tinha vindo de táxi. Decidi começar alguma conversa enquanto guiava calmamente como um condutor civilizado.
– Posso te fazer uma pergunta? É um pouco íntima por isso se não quiseres não respondas. Não és obrigada.
– Podes. – Disse ela, a olhar pelo vidro a rua.
– Porque trabalhas dessa maneira?
Senti os olhos da Gabriela pousados em mim.
– Bruno, eu sou uma pessoa normal. Isso é o que tu não consegues entender. Tenho problemas como todas as outras pessoas. Eu comecei este trabalho por causa do meu pai. Eu morava com a minha mãe porque os meus pais estavam separados. O meu pai era uma pessoa alcoólica e quando bebia era muito agressivo. Não sei como é que ele começou o vício da bebida porque os meus pais separaram-se tinha eu nove anos e a minha mãe não me iria contar uma história destas. Mais tarde conheci a história porque ele voltou para casa. Queria levar-me com ele. Tinha eu nessa altura uns quinze anos. Eu passei a viver em casa dele por ordem do tribunal. Eu é que fazia tudo em casa. Lavava, cozinhava, limpava. Até que um dia eu não consegui mais. A minha mãe apareceu morta e o culpado tinha sido ele, mas ele conseguiu virar as provas do seu próprio crime contra mim e eu, como na altura era menor, estive numa prisão. Para mim era uma prisão. Enfim... lá conheci os meus amigos da minha actual quadrilha que me ajudaram a virar as provas contra o meu pai. Ele acabou preso e eu fui viver com a minha tia da parte da minha mãe. Assim que ele saiu da prisão vinguei-me dele. Foi a minha primeira vítima. Matei-o.
Lágrimas caiam da sua face e eu estava totalmente chocado.
– Lamento, Gabriela. Eu não queria...
Ela interrompeu-me.
– Eu queria mesmo desabafar. Não sei porquê, mas confio em ti. – Disse ela, a sorrir para mim.
– Obrigado. – Disse eu, olhando por segundos para ela. Tinha que prestar atenção à estrada.
Fim do Capítulo 5.